Nutrição
O consumo de laticínios é frequentemente promovido como essencial para a saúde, especialmente na manutenção da saúde óssea. No entanto, evidências recentes levantam questões sobre os potenciais impactos negativos desses alimentos na longevidade e na saúde geral. Vamos explorar as relações entre o consumo de laticínios, doenças crônicas e mortalidade, bem como considerar alternativas mais saudáveis.
Laticínios e Fraturas Ósseas: Um Paradoxo Surpreendente
Estudos indicam que mulheres que consomem grandes quantidades de leite têm até 60% mais risco de sofrer fraturas de quadril. Essa descoberta contradiz a ideia amplamente aceita de que o leite fortalece os ossos. Uma possível explicação é a presença de galactose, um subproduto da lactose, que pode enfraquecer os ossos e acelerar processos de envelhecimento.
Além disso, a galactose é utilizada em estudos científicos para induzir envelhecimento acelerado em animais de laboratório, demonstrando que esse açúcar pode causar mudanças degenerativas em vários órgãos, incluindo cérebro e coração. O mais preocupante é que, em humanos, o consumo equivalente a apenas um ou dois copos de leite por dia pode ser suficiente para desencadear esses efeitos adversos.
Consumo de Leite e Mortalidade Prematura
Pesquisas conduzidas na Suécia apontam que mulheres que bebem três ou mais copos de leite por dia apresentam quase o dobro do risco de morte prematura. Além disso, um estudo de Harvard que acompanhou mais de 200.000 pessoas ao longo de três décadas demonstrou que maiores consumos de laticínios estão associados a um aumento no risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer.
No entanto, os dados sugerem que a substituição de laticínios por fontes de proteína vegetal reduz significativamente os riscos de mortalidade, enquanto substitui-los por carnes não oferece os mesmos benefícios.
Fatores de Risco: Gordura Saturada e Galactose
A evidência sugere que o risco aumentado de mortalidade está mais relacionado ao consumo de leite integral do que ao leite desnatado. Isso pode indicar que a gordura saturada é um fator contribuinte, mas a galactose também pode estar envolvida. Estudos mostram que o consumo de laticínios não fermentados provoca níveis mais altos de inflamação em comparação com laticínios fermentados ou desnatados.
Com o envelhecimento, a capacidade do corpo de desintoxicar a galactose diminui, o que pode tornar a necessidade de evitar laticínios ainda mais importante na terceira idade. Se a galactose causa danos por meio de oxidação e inflamação, aumentar a ingestão de frutas e vegetais pode ajudar a diminuir esses efeitos. Em estudos com animais, a alimentação com frutas como mirtilos mostrou reduzir danos cerebrais induzidos pela galactose.
Frutas, Vegetais e a Redução de Riscos
Embora mulheres que consomem três ou mais copos de leite por dia tenham um risco maior de fraturas de quadril, aquelas que consomem cinco ou mais porções de frutas e vegetais diariamente conseguem reduzir o risco de morte prematura em comparação com aquelas que consomem menos leite. Isso sugere que uma dieta rica em alimentos antioxidantes pode ajudar a modificar a taxa de mortalidade associada ao alto consumo de leite.
A Influência da Indústria nas Diretrizes Alimentares
Organizações influentes, como a National Osteoporosis Foundation dos EUA, continuam a promover laticínios e suplementos de cálcio, apesar das evidências que questionam esses produtos. A influência comercial pode comprometer a objetividade dessas organizações, uma vez que muitos dos estudos mais recentes sobre laticínios e saúde óssea foram escritos por autores com vínculos à indústria de laticínios.
As diretrizes alimentares frequentemente justificam a inclusão de laticínios com base em benefícios para os ossos que não são apoiados por evidências robustas. O que aconteceria se as diretrizes alimentares fossem elaboradas sem a influência da indústria? O Canadá, em 2019, decidiu excluir relatórios da indústria e se concentrar na ciência para formular suas novas diretrizes alimentares, priorizando alimentos à base de plantas e limitando alimentos processados.
Rumo a Melhores Escolhas Alimentares
As evidências sugerem que o consumo de laticínios pode não ser tão benéfico quanto se pensava anteriormente, especialmente em relação à saúde óssea e longevidade. É essencial considerar alternativas à base de plantas e aumentar a ingestão de frutas e vegetais para promover uma saúde melhor a longo prazo. A escolha de alimentos deve ser informada e baseada em dados científicos, ao invés de influências comerciais.
Em suma, enquanto os laticínios têm sido uma parte tradicional da dieta, as pesquisas atuais sugerem que pode ser hora de reconsiderar esse papel e explorar opções mais saudáveis que priorizem a longevidade e o bem-estar geral.
Fonte:
Todos os artigos científicos mencionados estão na descrição do vídeo na aba "sources cited" (fontes citadas).
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