No calendário ambiental, o 20 de maio marca uma data essencial, mas muitas vezes subestimada: o Dia Mundial das Abelhas. Mais do que um lembrete simbólico, esse dia é um alerta para a preservação de um dos seres vivos mais importantes do planeta. Sim, estamos falando das abelhas... criaturas pequenas no tamanho, mas imensas em impacto.

As engenheiras da vida

As abelhas são polinizadoras fundamentais: ao voarem de flor em flor coletando néctar e pólen, elas possibilitam a reprodução de mais de 75% das culturas alimentares do mundo e de 90% das plantas silvestres com flores. Elas sustentam não apenas a biodiversidade dos ecossistemas, mas a própria cadeia alimentar humana.

https://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/pt/c/1529993/

De maçãs a amêndoas, de tomates a abacates – nossa alimentação depende diretamente da visita silenciosa dessas trabalhadoras incansáveis. Sem elas, o supermercado se tornaria um deserto de prateleiras, e o prato do dia, um cardápio sem cor, sem diversidade e sem nutrição.

Mas e se as abelhas desaparecessem?

A resposta é simples, brutal e já foi prevista por cientistas e ambientalistas: o colapso ecológico seria inevitável. A polinização deixaria de acontecer de forma eficaz, o que levaria à diminuição drástica da produção de alimentos, à perda de espécies vegetais e, em seguida, ao desequilíbrio dos ecossistemas.

Segundo um relatório da IPBES (Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos), mais de 40% das espécies de polinizadores invertebrados, especialmente abelhas e borboletas, estão em risco de extinção UNESCO/IPBES.

https://www.ipbes.net/article/press-release-pollinators-vital-our-food-supply-under-threat

A ameaça vem do uso indiscriminado de pesticidas, da agricultura intensiva, da perda de habitats naturais e da disseminação de doenças provocadas por invasores como algumas espécies de ácaro.

E se invertêssemos a pergunta?

Costuma-se dizer que se as abelhas desaparecessem, a humanidade teria apenas mais alguns anos de vida. Mas se o ser humano desaparecesse... a Terra floresceria!

Esse paradoxo nos obriga a refletir: nós dependemos das abelhas, mas elas não dependem de nós. Sem o ser humano, a natureza se reequilibraria. Florestas voltariam a crescer, animais reconquistariam seus territórios, e os rios fluiriam sem resíduos industriais.

Por outro lado, sem as abelhas, tudo que sabemos sobre alimentação, saúde e biodiversidade entraria em colapso.

O que você pode fazer por elas?

🔹 Plante flores nativas e aromáticas em sua casa ou jardim

🔹 Evite o uso de pesticidas e herbicidas químicos

🔹 Apoie produtores orgânicos e pequenos agricultores

🔹 Crie ou apoie abrigos para abelhas nativas sem ferrão

Por que o mel é considerado cruel?

Exploração do trabalho das abelhas

As abelhas produzem mel para alimentar a colmeia, especialmente durante o inverno, quando as flores estão escassas. Quando os humanos colhem esse mel, elas frequentemente são privadas da própria fonte de nutrição, sendo substituído por xaropes artificiais (geralmente à base de açúcar ou xarope de milho), que não oferecem os mesmos nutrientes e podem enfraquecer o sistema imunológico das colônias.

Práticas agressivas na colheita

Em apiculturas comerciais, abelhas podem ser esmagadas durante o manuseio, expostas à fumaça em excesso (para acalmá-las), e até mesmo mortas propositalmente quando já não são "produtivas". Algumas práticas incluem matar a abelha rainha e substituí-la por outra artificialmente inseminada.

Criação artificial e seleção genética

A indústria também contribui para a redução da diversidade genética, criando colônias frágeis e mais suscetíveis a doenças, o que pode impactar negativamente a polinização e o equilíbrio ecológico.

Transporte e comercialização

Abelhas frequentemente são transportadas por longas distâncias para polinizar plantações, como amêndoas nos EUA. Isso causa estresse extremo, desorientação e morte em massa de abelhas.

Alternativas éticas ao mel

Para quem deseja preservar a saúde das abelhas e manter uma alimentação ética e sustentável, existem várias opções deliciosas:

🔸 Melado de cana-de-açúcar

🔸 Xarope de agave

🔸 Xarope de bordo (maple syrup) 

🔸 Xarope de tâmaras

🔸 “Mel vegano” feito com maçã, flor de sabugueiro, dente-de-leão ou camomila

Essas alternativas não apenas evitam o sofrimento animal, mas também são livres de antibióticos e de intervenções humanas agressivas.

Celebrar o Dia das Abelhas é mais do que defender um inseto: é lutar pela manutenção da vida. A cada flor que elas visitam, uma nova semente da Terra é plantada. Se quisermos um futuro fértil, saudável e sustentável, precisamos garantir que o zumbido das abelhas continue ecoando entre as flores.