Nutrição
Você com certeza já ouviu alguém dizer que adoçante faz mal, né? E, do outro lado, sempre tem alguém garantindo que isso é mito, que não existe comprovação nenhuma. Esse debate é antigo e volta e meia ressurge nos vídeos do Instagram, nas conversas de WhatsApp, em revistas, podcasts e por aí vai. Normalmente tem um profissional defendendo os adoçantes e outro apontando os riscos. E olha, isso acontece porque o tema realmente é complexo. Ainda estamos descobrindo muita coisa sobre o impacto deles na nossa saúde.
Hoje, vale destacar um estudo recente publicado na Nature, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, reconhecida por selecionar apenas pesquisas de altíssimo rigor metodológico. Justamente por isso, os resultados apresentados merecem nossa atenção e reflexão.
Antes de entrarmos nos detalhes, é importante reforçar um ponto fundamental: a nutrição não é uma ciência exata. Ela está em constante evolução, o que significa que o que sabemos hoje pode mudar com novas evidências amanhã. Essa natureza dinâmica pode gerar confusão: “uma hora o ovo é vilão, outra é mocinho…” e é compreensível que isso cause frustração.
Por isso, a nutrição precisa ser interpretada com cuidado, traduzindo a ciência em orientações claras e atualizadas para o dia a dia.
Agora, vamos falar do estudo. O mais interessante é que ele foi feito com seres humanos, o que já é um grande diferencial, porque a maioria dos estudos sobre adoçantes ainda é feita com animais. E, claro, a resposta do nosso corpo pode ser bem diferente.
Nesse estudo, os pesquisadores testaram três tipos de bebidas: uma adoçada com sucralose, uma com açúcar e uma com água pura. Eles analisaram como o cérebro dos participantes reagia a cada uma. E o que encontraram foi o seguinte: a sucralose alterou o funcionamento do hipotálamo, região do cérebro que regula, entre outras coisas, o apetite.
Além disso, fatores como sexo, percentual de gordura corporal e resistência à insulina influenciaram essa resposta cerebral. Em outras palavras: a sucralose interferiu na forma como o corpo entende e regula a fome e isso foi ainda mais intenso em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Então, os pesquisadores concluíram que a sucralose, que no Brasil é muito vendida como línea e outros adoçantes, também muito adicionada a produtos processados, refrigerantes, ice tea e outras coisas em versão light, o que eles observaram foi que a sucralose ela leva a uma incompatibilidade, uma falha de comunicação no cérebro.
Sabe o que isso significa? Que quando você consome sucralose, seu cérebro recebe um sinal de “doce” vindo da sua língua e se prepara para a chegada de calorias. No entanto, como essas calorias não vêm, ocorre uma falha de comunicação. O cérebro, ao perceber essa ausência, aciona mecanismos compensatórios para estimular o apetite, já que esperava por energia que nunca chegou. O resultado é um aumento da sensação de fome.
Segundo os pesquisadores, isso pode gerar menos saciedade e mais desejo incontrolável por comida, geralmente algo bem calórico como doces ou fast food. E esse efeito foi observado após apenas uma única dose de sucralose.
Você já reparou que, em dias que consome mais produtos light ou adoçados artificialmente, sua fome aumenta no fim do dia? Mais vontade de beliscar? Mais desejo por pizza, chocolate ou pipoca? Pois é, pode não ser só coincidência. O estudo também mostrou que o consumo de sucralose afeta os circuitos cerebrais de recompensa. Isso faz com que a pessoa busque mais comida, mas sinta menos prazer ao comer, o que gera um ciclo de busca por mais e mais.
Tudo isso reforça um ponto que eu sempre defendo: não é o alimento isolado que importa, é o padrão alimentar como um todo. Trocar o açúcar por adoçante sem mudar o contexto da alimentação pode não trazer os resultados que você espera. Especialmente se você está consumindo todos os dias café com adoçante, doces fitness, refrigerantes zero, whey protein adoçado, iogurtes “sem açúcar” e etc.
Adoçante é uma ferramenta, e como toda ferramenta, precisa ser usada com critério. Pode ser útil em momentos específicos, especialmente para quem tem alguma condição que impede o uso do açúcar. Mas não é porque tem “zero calorias” que ele está isento de efeitos no seu metabolismo.
A boa notícia é que, ao adotar um padrão alimentar mais natural, equilibrado e personalizado, a vontade de consumir produtos ultraprocessados diminui consideravelmente. Isso é algo que vejo diariamente com meus pacientes... e também vivenciei pessoalmente.
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